quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Literatura ou O valor da expressão



Livre. No fundo é isso que é. Livre. Nem mais nem menos.

É a expressão máxima de um ser, um qualquer ser que se queira dar a conhecer ou simplesmente se queira conhecer a ele próprio ou ao mundo. E, quando o ‘eu’ assume o papel desse ser sente uma qualquer transcendência – tudo é etéreo, mas efémero – um sentimento, no fundo, um sentimento que se pode esfumar mas que actua como uma qualquer droga alucinogénea. É impossível fugir deste ímpeto que o impele, o exala para que exponha um sucedâneo de ideias…
É a comunhão, a união entre a realidade com uma sub-realidade ou uma para-realidade, todas elas pseudo-vivas, pseudo-reais… É o consciente e o subconsciente em fusão. Não há verdade nem mentira – a expressão de um qualquer fôlego não é nem verdadeira nem inverdadeira, apenas é.
E, mesmo que, às vezes, as palavras sejam voláteis demais, ou que se diluam num solvente interior no âmago de cada ‘eu’, esse sujeito interior e pessoal do ‘eu’ terá sempre a beleza de uma pintura ou imagem que extrapolam aquilo que o próprio ‘eu’ sente – uma expressão ou estado de espírito mais ou menos cognoscente do mundo.

Porque a literatura ou a expressão de um ser é mais que um conjunto de palavras enviusadas ou ordenadas, com ou sem sentido; é muito mais. É um estado de alma que apenas combatido fortemente se não deleita, se esquece. É o que se quer mostrar: seja do próprio ‘eu’, seja de um outro qualquer ‘eu’ que ambicionamos ou desprezamos ser (ou, até mesmo, que alguém já é); seja algo do mundo – o mundo dito inteligível ou o mundo sensível – ou, até, o mundo que se pinta na mente do ‘eu’ que se dá a conhecer e a exprimir. Esse tão honrado ‘eu’ que, com uma caneta – objecto mais precioso! - delimita e delineia os contornos de um grande valor. Esse ‘eu’ que dá sentido àquilo que é, através de si mesmo e dos outros que, como ele, se dão ao mundo e se entregam sem reservas para que todo e qualquer ser aprenda e defina o seu propósito, se torne livre, no fundo.

A literatura é muito mais do que se pensa. Ela é o próprio pensamento (íntimo) e, por isso, é a liberdade – é livre para si e para os outros…
Quando o ‘eu’ pensa, uma nova expressão surge. Quando a literatura nasce, todo e qualquer ‘eu’, finalmente, respira.     

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as palavras são coisas curiosas, há quem diga que dão vida. por isso, escreve. dá-me vida.