domingo, 14 de outubro de 2012

oh the glamorous life of a Med student

"one minute, you are hearing heart sounds

the next, you are hearing the sound of your heart breaking."

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

desculpem.

eu costumava conseguir escrever. but now i just can't. 

e é tão triste

domingo, 5 de agosto de 2012

clubes nocturnos

tenho tendências ridículas. e já nem me refiro a ridículas do estilo das cartas de amor que o Pessoa adorava. são mesmo ridículas.

deixei de escrever porque achei que tinha de manter um padrão qualquer naquilo que escrevia. mas apercebi-me que sinto falta desta verborreia que às vezes me toma de assalto. e por isso, aqui está. um conjunto de letras idiotas que não dizem nada de jeito mas dizem tudo ao mesmo tempo.

um dia hei-de ter sorte e mudar de tendências.

os homens de hoje em dia já nem homens são.

terça-feira, 26 de junho de 2012

embora.

apetece-me desistir de algumas coisas. mas isso é para fracos não é?
queria tanto voar.

domingo, 10 de junho de 2012

por mais que tente acabo sempre numa definição estampada na parede de um prédio abandonado ao lado de um graffiti esbatido

é assim tão errado odiar-me?

se cheira a chocolate e sabe a chocolate...

se soubesses tudo o que eu daria para poder partilhar um quadradinho que fosse contigo.

és o pior erro de todos

e olha que tenho experiência que baste em escolher os sabores errados para recheios e coberturas.

há um fogo que me consome e não são malaguetas

Fernando Pessoa um dia escreveu:
"Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei." 


Sei que tenho estado ausente, e não tenho dito nada, mas nem eu sei.

sábado, 5 de maio de 2012

eu

não sei escrever.

sábado, 28 de abril de 2012

negação de mim própria

todos os dias me esqueço porque te odeio amo, e todos os dias tu mo relembras.

nem a camomila me salva desta febre

o lixo sentimental que produzo todos os dias equivale a uma pegada amorosa superior à de mil homens apaixonados.

não entendo porque é que tenho tanta coragem e tanta cobardia ao mesmo tempo. gentilmente, ponho os pés pelas mãos e troco outras tantas instâncias anatómicas sempre que te tento seduzir com palavras de mel e conversas de chá. e todos os dias caio na tentação de revelar o dobro do que queria mas metade do que desejo.

anseio pelo dia em que te consiga escrever a minha verdade e me consigas compreender; minto, anseio pelo dia em que te compreenda.

és o maior mistério (não vou pensar nos outros que ainda estão presos na minha garganta, mesmo após várias lavagens pelo mundo da tequila e da lima - minhas adoradas companheiras de vida) e provocas em mim uma sensação de incapacidade de me controlar, uma falta de controlo que me impele para que sonhe contigo a todos os minutos do meu dia e a todas as horas da minha noite.

(não sei se) gosto mesmo de ti. acho que te quero sem saber porquê.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

maybe I just want to feel alive

tenho andado a tentar aguentar este estado de espírito. mas não consigo não me sentir atraída por um abismo de errado que tudo isto é, ou melhor, pode ser.

e, o pior, é que mesmo com o estrangulamento de garganta que tenho, a afonia de falar de ti, não consigo chorar. porque tu me fazes sorrir, ainda que de forma totalmente doentia, mas sorrio.

é curioso que sejas o oposto do que tenho querido, mas igual na inaptidão de falares ou sentires.

- tenho tendências -

sexta-feira, 23 de março de 2012

as coisas que acontecem enquanto procuravas apenas um dia calmo e feliz ou 'bebericando chá num jardim de solidão'

vocês não entendem que não podemos viver de esperanças suspensas e talvezes sonhados em dias de sol. que a inconstância que revelamos se deve à mesma inconstância que nos revelam em nuvens de vapor de água doce que baforejam tal brisa do sul para cima de nós. que ficamos tristes com as mais pequenas coisas.

vocês não entendem a mágoa de sentir demais e não poder fazer nada. a falta que nos fazem no meio deste mundo sujo, injusto e conspurcado. o que precisamos de vocês. o que precisamos de precisar de vocês, para nos manter sãs e afastadas da loucura.

vocês não entendem os sentimentos puros que sentimos. que nos recordam o tempo em que tudo era simples. que com vocês sonhamos.

não, vocês não entendem nada.
vocês não entendem.

sexta-feira, 2 de março de 2012

já não se faz hardware como antes.

os meus dedos arranham o teclado até começarem a sangrar. o sangue é uma coisa tão complexa penso eu enquanto continuo a arranhar as teclas que me mantêm presa à ilusão de que te importas. pode ser que ainda troquemos teclas hoje - sempre a eterna sonhadora. não é por estares praí a escrevinhar que ele te vai notar, volto à realidade da hemorragia.

tens-te divertido tanto, C.; tens tido tanta atenção dos outros mas nunca a tua. o pior é que tu não entendes como me fazes sentir. sangro mais um bocadinho enquanto as lágrimas me escorrem - estou farta de pensar. esta tara por homens sacanas tem de acabar antes que o teclado se estrague, qualquer dia não há álcool que lhe valha, qualquer dia não há veias que me valham. a culpa é dos fabricantes de computadores e material de harware - esta porcaria hoje em dia é demasiado frágil - como eu.

a verdade? estou farta de doar sangue para um teclado inanimado.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

quando a sílaba tónica é a antepenúltima

"Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente ridículas"


ponho-me sempre a pensar que as cartas que tenho para te oferecer não serão suficientes para saciar esse teu vocabulário próprio. que o meu vernáculo não será suficiente. que não sou vocábulo para ti.

o que mais queria, na verdade, era fazer parte do teu livro. vir um dia a ser uma das tuas histórias (uma daquelas boas e perfeitas que tiveram um final feliz) e poder ser contada a quem quisesses. queria ser delineada pela tua caneta e constar do teu dicionário.

mas eu já sei que sou de difícil pronúncia e que a minha grafia tão-pouco ajuda à minha compreensão. tenho uma tónica própria e, acaso fosse uma frase, teria uma sintaxe complexa demais para ser deslindada com apenas a leitura breve que me dás.

se ao menos me escrevesses...




"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas."

[Álvaro de Campos]

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Não faças da tua vida um rascunho. Poderás não ter tempo de passá-la a limpo.

um dia prometo que te digo tudo.

(sim, eu sei, contrario-me a mim própria.)

devia escrever uma carta todos os dias e entregá-la em mão, mas em vez disso não passo dos  gatafunhos em folhas soltas por aí. só espero ter mais tempo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

esplanadas e arbustos

é definitivamente definitivo. quando caminhas em direcção a casa casualmente caminhado após um dia que talvez tenha sido dos mais felizes ultimamente, e começas a chorar - é definitivo. como podes esperar cativar se não consegues aguentar no peito toda a pressão e emoção que sentes? pois, não consegues; não cativas.

e dirias tu que sou, talvez, ridícula por me sentir em dispneia emocional quando me apercebo da minha ridicularidade a perseguir castelos imaginados de futuros em comum num desses eléctricos que percorrem a cidade. e eu responderia que sim, que sou ridícula. mas que hei-de percorrer todos os jardins antes de desistir de ter uma noite bem dormida, sem hiperventilações nem cloreto de sódio diluído em gotas de sonhos que sempre o serão.

mas porque é que não posso ter o meu próprio canteiro?


um dia hei-de receber uma flor.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

evasões em anonimato

Adoro a novidade; o conhecer coisas novas. Mas reservo-me uma excepção. A minha cidade. Há qualquer coisa de reconfortante e belo na familiaridade dos caminhos e paisagens de sempre. E qualquer coisa de macabro e sádico no envolvente citadino.
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Enquanto regresso de uma viagem, uma espécie de amante fugaz e passageira a quem se diz um adeus breve, sempre torno ao verdadeiro amor da minha vida – a rotina do bulício cansativo rodeado pelo nevoeiro industrial que se faz sentir nas vias respiratórias, tornando-me quase toxicodependente dos compostos nocivos que pairam no ar.
Sabes, é aquela tirada de sempre: o vício, pensei eu.
Tal como cocaína injectada sem dó nem dor, ou aqueles 0,6mg de nicotina e 8g de alcatrão contidos num cigarro que absorvo em lânguidos e compassados fôlegos sempre que sinto a necessidade melancólica de olhar o mar em varandas perdidas, o fumo, sempre o fumo poluído deste meu recanto urbano, entorpece-me os sentidos e vicia.
Sim, é como um arranhar de unhas envernizadas de vermelho, que encruam com o sal desse mar de lágrimas da tal amante perdida, na pele suada de um romance fugidio nessas noites de calor na baixa. «São 100 euros» diria a puta para o seu cliente satisfeito e arranhado que lhe pagaria sem demora e sairia para a rua, absorvendo todos os cheiros que a civilização moderna tem para lhe oferecer.
«Vês, é vício» disse-me a minha outra moradora do meu corpo. «Se não é o tabaco depois da foda, é o ar conspurcado das ruas da noite».

Às vezes tento não gostar tanto disto, tento não apreciar todo e cada defeito minucioso que Lisboa me apresenta. Tanto cheiro e sabor que preferia não saber, não conhecer. Penso, talvez ilogicamente, em tudo o que poderia ter. Todos os sítios a que podia chamar “meus”.
«Não seria o mesmo», responde-me ela.
Não, não seria, concluo.
E regresso à realidade por entre o cheiro a químicos descolorantes e abrasivos, deixando que a água a ferver escolha o seu caminho deambulante pelas minhas costas, percorrendo trilhos de pele morena e deixando a sua marca em gotículas salpicadas aqui e ali.

É vício.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

adormecer

eu não quero dormir porque não quero sonhar porque os sonhos nunca se tornam realidade. não os bons, pelo menos. nunca os bons. por isso não quero sonhar. não, não, não. NÃO.

não quero dormir.

conversas com sabor a lima-limão

pelo inevitável sabor que sentia na boca, ao falar, ele sabia que isto era diferente.
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há sempre tão diversos tipos de conversas.
lamentavelmente, termina sempre no mesmo. “então, tudo bem?” “sim e contigo?”, como se a (des)preocupação polida e envernizada fosse mais fácil de engolir. “mas, então, e novidades?” “ah, por aqui vai tudo na mesma” e bem que ela podia estar mal e mostrá-lo nas suas respostas que ninguém iria querer saber ou sequer reparar. tu ias continuar com a tua vida a navegar no ciberespaço. é a podridão do novo século.
“sabes quando tens um cartuxo de balas vazio? o fumo depois do disparo? a pólvora queimada? aquele cheiro que fica no ar?” “desculpa, estou atrasado, depois vemos isso”, mas depois não deu porque ela suicidou-se; tu mandaste flores e um postal electrónico “condolências para a família”.
«se navegasses em alto mar, terias tido mais resposta, pobre coitada»
só te respondem nas horas vagas. só nos respondemos uns aos outros nas horas vagas. fossem os teus olhos máquinas fotográficas e os teus ouvidos um gravador. corrijo; fosse o teu cérebro uma máquina de filmar, dessas ainda funcionantes a película, não!, daquelas que te mostram as texturas em 3D e o som em Sistema Surround.  assim, poderias gravar estes momentos suspensos de não-diálogo para verem todos um dia, verem como somos todos a mesma escumalha, tão viciados no nosso próprio ego e na nossa própria história.

“era um gin tónico com limão” “são cinco tostões” e atiras cinco euros, sem reparares sequer naquele velho merceeiro que não sabe funcionar com esta nova moeda. prestasses atenção e terias poupado uma batelada de dinheiro. “boa tarde” “adeus e bem-haja”, mas mal-haja digo eu que o mal corrompe tudo e todos.

“bem-haja!” diz ele outra vez “querida, tenho de passar pelo escritório…” respondes tu para o auricular.
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mas desta vez foi diferente. um bem-haja

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

X+(eu)=2

julgo que é quando perdemos as contas a quem é X, Y ou Z que concluímos o emaranhado que é a nossa existência. recordo e releio excertos do passado que passei e sinto que tudo poderia ter sido em relação a qualquer caracter alfabético por quem eu um dia tive especial predilecção no acto de escrever.

uns, é claro, são evidentemente vogais; outros, consoantes. mas, no fundo, não passam todos de letras que formam palavras que formam frases que formam parágrafos que formam capítulos que formam vidas.

não sei já se tu, símbolo de alfabetização, eras X, Y ou Z. talvez fosses matemática. talvez ainda sejas álgebra... só sei que tu és o único botão no meu teclado que continua a ser gasto vezes e vezes sem conta. e só espero que um dia destes possa escrever-te livremente na minha caligrafia própria e complicada.


"Let X equal the quantity of all quantities of X. Let X equal the cold. It is cold in December. The months of cold equal November through February. There are four months of cold, and four of heat, leaving four months of indeterminate temperature. In February it snows. In March the Lake is a lake of ice. In September the students come back and the bookstores are full. Let X equal the month of full bookstores. The number of books approaches infinity as the number of months of cold approaches four. I will never be as cold now as I will in the future. The future of cold is infinite. The future of heat is the future of cold..." [in Proof]

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

repressões

soubesses o que a vida já deu voltas, saberias como tudo isto me é estranho.

perdi a vontade de escrever como quem perde a vontade de beber um café pela manhã: de forma casual e sem me aperceber; foi só quando as cefaleias da abstinência me atacaram que entendi o que tinha deixado por fazer inconscientemente. «tsc, cabeça a minha», pensei eu. mas, não. de facto, não se pode comparar a abstinência da escrita com outra qualquer. não escrever é não respirar. sucumbi.

«o mundo está diferente», são estas as minhas primeiras palavras após regressar ao mundo dos consumidores de oxigénio. «eu estou diferente».