segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

quando a sílaba tónica é a antepenúltima

"Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente ridículas"


ponho-me sempre a pensar que as cartas que tenho para te oferecer não serão suficientes para saciar esse teu vocabulário próprio. que o meu vernáculo não será suficiente. que não sou vocábulo para ti.

o que mais queria, na verdade, era fazer parte do teu livro. vir um dia a ser uma das tuas histórias (uma daquelas boas e perfeitas que tiveram um final feliz) e poder ser contada a quem quisesses. queria ser delineada pela tua caneta e constar do teu dicionário.

mas eu já sei que sou de difícil pronúncia e que a minha grafia tão-pouco ajuda à minha compreensão. tenho uma tónica própria e, acaso fosse uma frase, teria uma sintaxe complexa demais para ser deslindada com apenas a leitura breve que me dás.

se ao menos me escrevesses...




"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas."

[Álvaro de Campos]

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Não faças da tua vida um rascunho. Poderás não ter tempo de passá-la a limpo.

um dia prometo que te digo tudo.

(sim, eu sei, contrario-me a mim própria.)

devia escrever uma carta todos os dias e entregá-la em mão, mas em vez disso não passo dos  gatafunhos em folhas soltas por aí. só espero ter mais tempo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

esplanadas e arbustos

é definitivamente definitivo. quando caminhas em direcção a casa casualmente caminhado após um dia que talvez tenha sido dos mais felizes ultimamente, e começas a chorar - é definitivo. como podes esperar cativar se não consegues aguentar no peito toda a pressão e emoção que sentes? pois, não consegues; não cativas.

e dirias tu que sou, talvez, ridícula por me sentir em dispneia emocional quando me apercebo da minha ridicularidade a perseguir castelos imaginados de futuros em comum num desses eléctricos que percorrem a cidade. e eu responderia que sim, que sou ridícula. mas que hei-de percorrer todos os jardins antes de desistir de ter uma noite bem dormida, sem hiperventilações nem cloreto de sódio diluído em gotas de sonhos que sempre o serão.

mas porque é que não posso ter o meu próprio canteiro?


um dia hei-de receber uma flor.