domingo, 28 de novembro de 2010

a beleza de um quadro ou a arte pura

Julgo que seria pertinente todos terem acesso a esta conversa, não porque esteja especialmente boa, mas sim para descobrirem a beleza que uma música encerra. (com o meu 'obrigado' especial ao J.A. pela inspiração sempre presente e por ser, ele também, um artista. Perdoa-me por esta exposição pública das tuas sempre interessantes interpretações juntamente com as minhas).

Música que serviu de modelo de inspiração:http://www.youtube.com/watch?v=MkShzfpqvvc&feature=related (Petite Suite: En Bateau - Debussy)

"C.- Recorda-me o desabrochar de uma flor. começa delicada, fechada e tímida com o sol a incidir no seu botão vermelho (sim tem de ser vermelho) no meio de um campo de relva verde e fresca. até que começa a chover e consegues ver as gotas de água a cair ao de leve nas pétalas, até que batem com mais força e mais e mais e as vês a escorrer pelo seu caule até baterem no chão com um plim harmonioso que traz o cheiro a terra salgada. por fim, tudo acalma, o vento amaina e as pétalas desenrolam-se e abrem-se para encarar o mundo e um novo dia de sol. tudo isto, desde o nascer até ao final, numa espécie de dança flutuante que embala e carrega a tua vontade...é uma sensação muito calminha e lembra-me ondulação também,assim flutuante e fluida ao mesmo tempo...líquida talvez
C.- aposto que não tem nada a ver com o que tu sentiste
C.- mas há aqui certos tons primaveris na música
C.- melodias encantadas de bosque e outras de maresia
C.- é estranho como vai crescendo sem crescer porque se acalma sempre
J.A.- muito correcta a tua abordagem
J.A.-mas já pensaste nesta música como se estivesses sentada à beira de uma lago no verão com imensas flores ao teu lado e borboletas e sapos...
J.A. - e no meio do lago estava um barco de papel que se movia ao som da natureza
C.- sim.... os sons flutuantes estão lá no movimento ondulante e perfeito do barco que deixa marca no lago com a sua simplicdade etérea...e os sons que ouves de fundo são o poisio das borboletas nas flores num acto de comunhão entre a natureza viva e móvel e a estática
J.A.- para mim o lago não é bem um lago...
J.A.-é um rio que tem umas pequenas quedas de água e o barco desliza por lá
C.- eu continuo a sentir chuva...pingos de chuva a flutuar no ar
J.A.- eu vejo esta música como uma sucessão de quadros
J.A.-em primeiro plano vemos o lago depois há 2 borboletas que passam a voar e o nosso olhar segue-as e voamos com elas
J.A.- eu tinha um prof que dizia que a parte dos 2min08 lhe faz lembrar o cacilheiro em Lisboa numa manhã de nevoeiro
C.- eu vejo tudo como se fosse uma espectadora do beijo dos pingos de chuva quando batem nas pétalas e respingam,perfumando a atmosfera com doce
C.-  há partes doces e partes salgadas,até
C.-  mas é muito vermelho,verde e translúcido...
J.A. -  estás a ver a beleza Debussy?"

É esta a beleza da arte e da música. A música muda a vida de quem a ouve.

3 comentários:

  1. q fantástico! :D Li isto ao mesmo tempo q ouvia a música e ambos têm razão, consegui imaginar tudo isso :'D

    ResponderEliminar
  2. Wow! Ora aí está, vou mudar a minha opinião de Debussy graças a voces os dois xD

    ResponderEliminar
  3. awwww. a tal conversa maravilhosa *.*
    e a música é realmente lindaa !

    já percebo como ocupam as vossas madrugadas :b

    ResponderEliminar

toca-me ao de leve, com gentileza. e, depois, quando me tiveres cativado, poderás então fundir a tua alma à minha.

as palavras são coisas curiosas, há quem diga que dão vida. por isso, escreve. dá-me vida.