domingo, 29 de maio de 2011

diálogos hipotéticos comigo mesma

- sabes, sinto-me estranha. com uma sensação de peso no peito, como se não conseguisse respirar... ando preocupada, será que estou doente? ultimamente cada batimento cardíaco, cada fôlego me parecem uma tortura... como se tivesse um bloco de pedra gigante em cima de mim, sempre, e não o conseguisse mover.

- hum, se calhar devias ir ao médico. pode ser stress a mais... andas com tanta pressão, tantas coisas na tua mente. e depois, todo aquele ambiente pesado e o cheiro a cemitério que odeias, as flores tristes...talvez tenha sido isso.

- talvez. ou talvez tenha sido aquela outra coisa. a que eu estraguei sozinha e perdi por minha culpa.

- perdeste muito esta semana.

- sabes, às vezes odeio-me. odeio-me, odeio-me, odeio-me, odeio-me, ODEIO-ME!

- ...esse foi, talvez, o grito mais sentido e visceral que já te ouvi dar. talvez te ajude. não sei. tens de ter calma. tens de esperar.

- e, entretanto, odeio-me?

- se for isso que é preciso para que tudo se resolva, sim. mas, por favor, respira. luta contra o bloco de pedra, move-o.

- mas, sabes, o problema com as pessoas que se odeiam a si próprias é não conseguirem amar mais nada, mais ninguém. só por isso é que não me odeio. porque, claramente, o amo.


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toca-me ao de leve, com gentileza. e, depois, quando me tiveres cativado, poderás então fundir a tua alma à minha.

as palavras são coisas curiosas, há quem diga que dão vida. por isso, escreve. dá-me vida.