sábado, 5 de maio de 2012

eu

não sei escrever.

sábado, 28 de abril de 2012

negação de mim própria

todos os dias me esqueço porque te odeio amo, e todos os dias tu mo relembras.

nem a camomila me salva desta febre

o lixo sentimental que produzo todos os dias equivale a uma pegada amorosa superior à de mil homens apaixonados.

não entendo porque é que tenho tanta coragem e tanta cobardia ao mesmo tempo. gentilmente, ponho os pés pelas mãos e troco outras tantas instâncias anatómicas sempre que te tento seduzir com palavras de mel e conversas de chá. e todos os dias caio na tentação de revelar o dobro do que queria mas metade do que desejo.

anseio pelo dia em que te consiga escrever a minha verdade e me consigas compreender; minto, anseio pelo dia em que te compreenda.

és o maior mistério (não vou pensar nos outros que ainda estão presos na minha garganta, mesmo após várias lavagens pelo mundo da tequila e da lima - minhas adoradas companheiras de vida) e provocas em mim uma sensação de incapacidade de me controlar, uma falta de controlo que me impele para que sonhe contigo a todos os minutos do meu dia e a todas as horas da minha noite.

(não sei se) gosto mesmo de ti. acho que te quero sem saber porquê.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

maybe I just want to feel alive

tenho andado a tentar aguentar este estado de espírito. mas não consigo não me sentir atraída por um abismo de errado que tudo isto é, ou melhor, pode ser.

e, o pior, é que mesmo com o estrangulamento de garganta que tenho, a afonia de falar de ti, não consigo chorar. porque tu me fazes sorrir, ainda que de forma totalmente doentia, mas sorrio.

é curioso que sejas o oposto do que tenho querido, mas igual na inaptidão de falares ou sentires.

- tenho tendências -

sexta-feira, 23 de março de 2012

as coisas que acontecem enquanto procuravas apenas um dia calmo e feliz ou 'bebericando chá num jardim de solidão'

vocês não entendem que não podemos viver de esperanças suspensas e talvezes sonhados em dias de sol. que a inconstância que revelamos se deve à mesma inconstância que nos revelam em nuvens de vapor de água doce que baforejam tal brisa do sul para cima de nós. que ficamos tristes com as mais pequenas coisas.

vocês não entendem a mágoa de sentir demais e não poder fazer nada. a falta que nos fazem no meio deste mundo sujo, injusto e conspurcado. o que precisamos de vocês. o que precisamos de precisar de vocês, para nos manter sãs e afastadas da loucura.

vocês não entendem os sentimentos puros que sentimos. que nos recordam o tempo em que tudo era simples. que com vocês sonhamos.

não, vocês não entendem nada.
vocês não entendem.

sexta-feira, 2 de março de 2012

já não se faz hardware como antes.

os meus dedos arranham o teclado até começarem a sangrar. o sangue é uma coisa tão complexa penso eu enquanto continuo a arranhar as teclas que me mantêm presa à ilusão de que te importas. pode ser que ainda troquemos teclas hoje - sempre a eterna sonhadora. não é por estares praí a escrevinhar que ele te vai notar, volto à realidade da hemorragia.

tens-te divertido tanto, C.; tens tido tanta atenção dos outros mas nunca a tua. o pior é que tu não entendes como me fazes sentir. sangro mais um bocadinho enquanto as lágrimas me escorrem - estou farta de pensar. esta tara por homens sacanas tem de acabar antes que o teclado se estrague, qualquer dia não há álcool que lhe valha, qualquer dia não há veias que me valham. a culpa é dos fabricantes de computadores e material de harware - esta porcaria hoje em dia é demasiado frágil - como eu.

a verdade? estou farta de doar sangue para um teclado inanimado.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

quando a sílaba tónica é a antepenúltima

"Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente ridículas"


ponho-me sempre a pensar que as cartas que tenho para te oferecer não serão suficientes para saciar esse teu vocabulário próprio. que o meu vernáculo não será suficiente. que não sou vocábulo para ti.

o que mais queria, na verdade, era fazer parte do teu livro. vir um dia a ser uma das tuas histórias (uma daquelas boas e perfeitas que tiveram um final feliz) e poder ser contada a quem quisesses. queria ser delineada pela tua caneta e constar do teu dicionário.

mas eu já sei que sou de difícil pronúncia e que a minha grafia tão-pouco ajuda à minha compreensão. tenho uma tónica própria e, acaso fosse uma frase, teria uma sintaxe complexa demais para ser deslindada com apenas a leitura breve que me dás.

se ao menos me escrevesses...




"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas."

[Álvaro de Campos]

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Não faças da tua vida um rascunho. Poderás não ter tempo de passá-la a limpo.

um dia prometo que te digo tudo.

(sim, eu sei, contrario-me a mim própria.)

devia escrever uma carta todos os dias e entregá-la em mão, mas em vez disso não passo dos  gatafunhos em folhas soltas por aí. só espero ter mais tempo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

esplanadas e arbustos

é definitivamente definitivo. quando caminhas em direcção a casa casualmente caminhado após um dia que talvez tenha sido dos mais felizes ultimamente, e começas a chorar - é definitivo. como podes esperar cativar se não consegues aguentar no peito toda a pressão e emoção que sentes? pois, não consegues; não cativas.

e dirias tu que sou, talvez, ridícula por me sentir em dispneia emocional quando me apercebo da minha ridicularidade a perseguir castelos imaginados de futuros em comum num desses eléctricos que percorrem a cidade. e eu responderia que sim, que sou ridícula. mas que hei-de percorrer todos os jardins antes de desistir de ter uma noite bem dormida, sem hiperventilações nem cloreto de sódio diluído em gotas de sonhos que sempre o serão.

mas porque é que não posso ter o meu próprio canteiro?


um dia hei-de receber uma flor.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

evasões em anonimato

Adoro a novidade; o conhecer coisas novas. Mas reservo-me uma excepção. A minha cidade. Há qualquer coisa de reconfortante e belo na familiaridade dos caminhos e paisagens de sempre. E qualquer coisa de macabro e sádico no envolvente citadino.
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Enquanto regresso de uma viagem, uma espécie de amante fugaz e passageira a quem se diz um adeus breve, sempre torno ao verdadeiro amor da minha vida – a rotina do bulício cansativo rodeado pelo nevoeiro industrial que se faz sentir nas vias respiratórias, tornando-me quase toxicodependente dos compostos nocivos que pairam no ar.
Sabes, é aquela tirada de sempre: o vício, pensei eu.
Tal como cocaína injectada sem dó nem dor, ou aqueles 0,6mg de nicotina e 8g de alcatrão contidos num cigarro que absorvo em lânguidos e compassados fôlegos sempre que sinto a necessidade melancólica de olhar o mar em varandas perdidas, o fumo, sempre o fumo poluído deste meu recanto urbano, entorpece-me os sentidos e vicia.
Sim, é como um arranhar de unhas envernizadas de vermelho, que encruam com o sal desse mar de lágrimas da tal amante perdida, na pele suada de um romance fugidio nessas noites de calor na baixa. «São 100 euros» diria a puta para o seu cliente satisfeito e arranhado que lhe pagaria sem demora e sairia para a rua, absorvendo todos os cheiros que a civilização moderna tem para lhe oferecer.
«Vês, é vício» disse-me a minha outra moradora do meu corpo. «Se não é o tabaco depois da foda, é o ar conspurcado das ruas da noite».

Às vezes tento não gostar tanto disto, tento não apreciar todo e cada defeito minucioso que Lisboa me apresenta. Tanto cheiro e sabor que preferia não saber, não conhecer. Penso, talvez ilogicamente, em tudo o que poderia ter. Todos os sítios a que podia chamar “meus”.
«Não seria o mesmo», responde-me ela.
Não, não seria, concluo.
E regresso à realidade por entre o cheiro a químicos descolorantes e abrasivos, deixando que a água a ferver escolha o seu caminho deambulante pelas minhas costas, percorrendo trilhos de pele morena e deixando a sua marca em gotículas salpicadas aqui e ali.

É vício.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

adormecer

eu não quero dormir porque não quero sonhar porque os sonhos nunca se tornam realidade. não os bons, pelo menos. nunca os bons. por isso não quero sonhar. não, não, não. NÃO.

não quero dormir.

conversas com sabor a lima-limão

pelo inevitável sabor que sentia na boca, ao falar, ele sabia que isto era diferente.
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há sempre tão diversos tipos de conversas.
lamentavelmente, termina sempre no mesmo. “então, tudo bem?” “sim e contigo?”, como se a (des)preocupação polida e envernizada fosse mais fácil de engolir. “mas, então, e novidades?” “ah, por aqui vai tudo na mesma” e bem que ela podia estar mal e mostrá-lo nas suas respostas que ninguém iria querer saber ou sequer reparar. tu ias continuar com a tua vida a navegar no ciberespaço. é a podridão do novo século.
“sabes quando tens um cartuxo de balas vazio? o fumo depois do disparo? a pólvora queimada? aquele cheiro que fica no ar?” “desculpa, estou atrasado, depois vemos isso”, mas depois não deu porque ela suicidou-se; tu mandaste flores e um postal electrónico “condolências para a família”.
«se navegasses em alto mar, terias tido mais resposta, pobre coitada»
só te respondem nas horas vagas. só nos respondemos uns aos outros nas horas vagas. fossem os teus olhos máquinas fotográficas e os teus ouvidos um gravador. corrijo; fosse o teu cérebro uma máquina de filmar, dessas ainda funcionantes a película, não!, daquelas que te mostram as texturas em 3D e o som em Sistema Surround.  assim, poderias gravar estes momentos suspensos de não-diálogo para verem todos um dia, verem como somos todos a mesma escumalha, tão viciados no nosso próprio ego e na nossa própria história.

“era um gin tónico com limão” “são cinco tostões” e atiras cinco euros, sem reparares sequer naquele velho merceeiro que não sabe funcionar com esta nova moeda. prestasses atenção e terias poupado uma batelada de dinheiro. “boa tarde” “adeus e bem-haja”, mas mal-haja digo eu que o mal corrompe tudo e todos.

“bem-haja!” diz ele outra vez “querida, tenho de passar pelo escritório…” respondes tu para o auricular.
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mas desta vez foi diferente. um bem-haja

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

X+(eu)=2

julgo que é quando perdemos as contas a quem é X, Y ou Z que concluímos o emaranhado que é a nossa existência. recordo e releio excertos do passado que passei e sinto que tudo poderia ter sido em relação a qualquer caracter alfabético por quem eu um dia tive especial predilecção no acto de escrever.

uns, é claro, são evidentemente vogais; outros, consoantes. mas, no fundo, não passam todos de letras que formam palavras que formam frases que formam parágrafos que formam capítulos que formam vidas.

não sei já se tu, símbolo de alfabetização, eras X, Y ou Z. talvez fosses matemática. talvez ainda sejas álgebra... só sei que tu és o único botão no meu teclado que continua a ser gasto vezes e vezes sem conta. e só espero que um dia destes possa escrever-te livremente na minha caligrafia própria e complicada.


"Let X equal the quantity of all quantities of X. Let X equal the cold. It is cold in December. The months of cold equal November through February. There are four months of cold, and four of heat, leaving four months of indeterminate temperature. In February it snows. In March the Lake is a lake of ice. In September the students come back and the bookstores are full. Let X equal the month of full bookstores. The number of books approaches infinity as the number of months of cold approaches four. I will never be as cold now as I will in the future. The future of cold is infinite. The future of heat is the future of cold..." [in Proof]

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

repressões

soubesses o que a vida já deu voltas, saberias como tudo isto me é estranho.

perdi a vontade de escrever como quem perde a vontade de beber um café pela manhã: de forma casual e sem me aperceber; foi só quando as cefaleias da abstinência me atacaram que entendi o que tinha deixado por fazer inconscientemente. «tsc, cabeça a minha», pensei eu. mas, não. de facto, não se pode comparar a abstinência da escrita com outra qualquer. não escrever é não respirar. sucumbi.

«o mundo está diferente», são estas as minhas primeiras palavras após regressar ao mundo dos consumidores de oxigénio. «eu estou diferente».

sábado, 29 de outubro de 2011

regresso sem regressar

depois de ter desistido de tudo, de inclusive falar a mim e ao mundo, decidi voltar.

não é por nada, mas achei por bem.

recordar é viver 
voltar é viver

sábado, 24 de setembro de 2011

sol de pouca dura

parece que com o outono, voltou a chuva aos meus olhos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

funny how things turn out to be

devia escrever sobre tanta coisa.

e como ando toda confusa e marada. mas feliz. super feliz. apesar de estar mais emaranhada do que em qualquer outra altura.

é curiosa a vida...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

fim da linha

e depois há dias como o de hoje em que vemos uma pessoa a saltar para a sua morte e não sabemos bem o que aconteceu.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

chama-se adoptar uma perspectiva optimista da vida

diria que já não aguento certos joguinhos, atitudes e, sobretudo, pessoas.

mas, ando demasiado feliz para me preocupar com isso agora.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

diferenças literário-pessoais

peço desculpa pelo decréscimo de tudo que aqui se tem verificado.

precisava de me encontrar, de encontrar um norte e, em grande parte, este espaço permitiu-me isso, numa espécie de liberdade confinada que me deixou expressar e tentar redescobrir-me.

encontrei um novo eu. voltei a sentir as palavras, cada uma delas, e a expressar a minha tentativa de arte de outros modos. voltei a escrever em folhas de papel amachucado e em documentos reservados.

voltei a escrever. para mim.

agradeço por este espaço, sempre. espaço que continuarei a usar para me expressar de formas diferentes e a tentar coisas novas que, de outra forma não resultam. continuarei a escrever aqui aquilo que, para mim, não ouso.

sábado, 13 de agosto de 2011

russian roulette is not the same without a gun

e todos os dias repito para mim mesma "tu mudaste, C., mudaste." e qualquer coisa como "a partir de hoje não penso mais em ti. a partir de hoje vou pensar em mim".

mas a verdade é que roubas-me a alma em sonhos e a mente em pensamentos. és a pior droga, o pior vício que eu poderia ter. mas és aquele que me sabe melhor.

e sabe tão bem que me mates lentamente.




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

perspectivas astrais

hoje queria voltar a ser criança, daquelas que acreditam que os desejos se realizam, e ver uma estrela cadente para soprar um segredo e receber em troca um beijo.

mas, agora que penso nisso, seria um desperdício enorme desejar o que quero desejar.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

fight or flight?


- tenho andado a dizer isso nos últimos dias, que não sei, não consigo sondar nem ver nem entender nada desses sinais e tretas. eu não sou assim, não sou perspicaz, não consigo ver se sim se não. preciso que me digam preto no branco, ou não sei... porque eu não consigo ver nada. nada.

- mas podes ser tu, não?

- mas não acho que seja eu. vou tentar let him go. agora que tenho tempo para let go e não pensar mais nele, nunca.

- pois. se achas que consegues...

- eu sei lá. mas tenho de tentar não? tentar qualquer coisa, sim ou não, mas tentar uma das duas...porque não fazer nada soa-me mal.

- não fazer nada é o pior.






fell in love with a boy

Acredita, tenho saudades.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

é daquelas coisas que devias compreender

tenho um íman no lugar do coração.


caminhos de ferro

comboio. o tum tum, tum tum, tum tum, tum tum, tum tum...

quando me embrenho no som compassado e profundo que se vai desvanecendo com a diferença das paisagens atinjo o nirvana da paz, da calma, e penso.

penso como só nestes momentos de viagem consigo pensar.

sabem aqueles dias em que estamos rodeados de pessoas e nos sentimos mais sós que nunca e a única coisa que nos apetece fazer é fugir? é nesses dias que mais gosto de entrar num qualquer comboio sem destino, de sair do que conheço e percorrer o mundo em pensamentos compassados ao ritmo do tum tum que me embala e me transporta para uma paisagem à beira-mar regada com uma limonada fresca "sem açúcar" digo e o cheiro a maresia.

talvez seja aquela tal sensação de pânico antes do salto para o abismo, antes do afogar no mar. quando sinto aquele peso no peito e sou incapaz de respirar. aquele peso que me recorda do sentimento que reprimo e guardo em mim, só para mim, mas que me destrói e vai corroendo a cada compasso do meu pensar de tum tum.

e, depois, vem a chuva. o chorar de olhos pretos do rimel esborratado. o pensar do pensar sem fôlego. o sofrer as saudades.

"próxima estação..." ouve-se entretanto e quebra-se o feitiço da transe do pensamento íntimo.

cheguei ao meu destino. mas não saí do mesmo lugar.



quinta-feira, 28 de julho de 2011

o problema aqui é a falta de tempo

porque um dia eu vou ter tempo de deixar todas as ideias fluir para o mundo.


mas agora não posso.

/é mais ou menos como tu e eu. tempos estrangulados/


domingo, 17 de julho de 2011

the more I grow the less I know

deixar partir as pessoas é muito importante. até no amor.

especialmente no amor.





segunda-feira, 11 de julho de 2011

sai dos meus sonhos

não faço ideia do que queres.

sim, não, nim? mas era bom que te decidisses rapidamente e deixasses de ser tão...inconstante. porque se continuares assim eu nunca vou conseguir tirar-te da minha cabeça (por mais cavaleiros - como ele! - que apareçam).

mas acho que é isso exactamente que queres: manter-me presa a ti. para sempre. só para que saibas que estou ali quando precisares. e essa não é uma sensação que eu queira ter.

ainda assim, vamos jogar o teu jogo. porque, tens razão, ainda penso em ti.

"gosto de ti"

e nunca sei se quando o dizes é de verdade.

terça-feira, 5 de julho de 2011

electrodomésticos "edição limitada"

- questão existencial sem resposta aparente
- (já) tenho resposta para isso. atingiu-me há pouco enquanto ligava a fritadeira.
- as fritadeiras são boas conselheiras.
- não tanto quanto os microondas. vou então explicar-te: coloca outra questão difícil de responder, se não souberes a resposta, pergunta ao ar-condicionado...


I don't love you, and so what?

foges. não tens feito nada mais senão fugir. e eu que sempre precisei do meu amigo agora fiquei apenas com os suspiros docinhos deixados em tempos idos.

percebeste tudo mal. aliás, achas que percebeste o que quer que seja. e começaste a tirar ilações ridículas.

volta. só quero que aqueles dias de massa quebrada no balcão com o cheiro a tartes de amêndoa no forno regressem.


mas eu tenho quase a certeza que és mesmo tu de quem eu sinto a falta.


sábado, 2 de julho de 2011

podes fugir mas não te podes esconder?

quanto mais corro mais me afasto de ti.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

há pessoas e, depois, há idiotas.


e é só isto. gosto da forma como algumas pessoas se metem onde não são chamadas. e de como, anonimamente (cobardia total, saliente-se) criticam e opinam sobre coisas que não conhecem e sobre as quais não fazem a mínima ideia.

há uma grande diferença entre literatura e entre desabafos do tipo meu-querido-diário. temos de saber reconhecer a diferença. nem tudo o que se escreve retrata a pessoa que escreveu isso. na verdade, o acto de escrever serve para que nos possamos colocar na pele de outras pessoas e ir de encontro àquilo que pode ser mais ou menos emocionante para os leitores. (podendo, ou não, servir de catarse pessoal. se for ambos, melhor)

deixo um aviso, para a próxima vez que alguém queira comentar de forma idiota o que quer que seja, por favor, pense um bocadinho (2 segundos bastarão, verá) antes de o fazer. é que toda essa indignação suspirada de quem tem a sensibilidade literária de um alfinete não fica bem.

e, se não gosta, não leia. cada um faz o que quer, tenho tanto o direito de escrever como qualquer outra pessoa e gosto pouco que me digam o que fazer.

e, agora sim, eu própria digo (tradução para totós: não estou a fazer uma extrapolação literária, é mesmo a minha opinião): a inveja é um sentimento muito feio. e, provavelmente, quem é frustrado aqui não sou eu...


#aos outros: desculpem toda esta agressividade, mas há limites#

domingo, 26 de junho de 2011

tem dias que sim

há dias em que penso que poderia resultar. mesmo. é toda uma sensação de formigueiro inexplicável que me invade os sonhos com cheiro a bolos acabados de fazer no ar.

tu e eu, num abraço infinito. breves momentos de perfeição.

mas, depois, lembro-me que nem eu nem tu somos assim. que somos tão parecidos e, contudo, tão diferentes. mas que somos livres. e não é que somos perfeitos assim mesmo?

por mais tartes que saiam do forno, o sonho continuará sempre isso mesmo - um sonho.


quinta-feira, 23 de junho de 2011

blame it on the girls, blame it on the boys

e logo eu que prometi que, por ti, não derramava nem mais uma lágrima.

e que, desta vez, foi por uma coisa completamente idiota.

mas, eu gosto mais dele que de ti, que raio! [então porque é que é sempre ele que te afecta?]



terça-feira, 21 de junho de 2011

run away


há dias em que me apetece fugir. apenas, fugir.

(mas depois olho para frases como estas, vejo o teu sorriso e penso:
 "damn, what a shame it would be to run away")



sorrisos. a melhor maneira de comunicar.


ai que calor, ai que calor

não, não se tornou mais fácil ser eu. não, não perdi a minha indecisão e muito menos a minha brevidade. não, não aconteceu nada de bom e diferente.

mas, estranhamente, "the living is easy" #Summertime#

hoje, com a certeza que sou amada, somewhere, somehow. 

sábado, 18 de junho de 2011

diálogos hipotéticos comigo mesma #2

- então e aquele?
- esse? não me apela à alma. e eu sou uma mulher de paixões de alma.
- e o outro apela?
- sim. e é por isso que não vou desistir.

"acho que nunca soubeste o quanto eu gostei de ti. esta é a carta que eu nunca te escrevi"

"eu sou a merda que vês, ao menos sabes quem sou.
e sabes que tudo o que tenho é tudo aquilo que te dou."



"e se ainda não me conheces então nunca me conhecerás"


pedir desculpa pela minha cobardia de não conseguir falar é o mesmo que pedir desculpa por não querer magoar-te apenas para aliviar a minha consciência. mereces - merecemos - mais que simples palavras. isto, assim, fica para sempre, suspenso é certo, mas fica. guardado na minha memória e só na minha. até morrer. até depois.

"o coração de uma mulher é um mar de segredos"

"care for a drink?" "care for me?"


penso no quanto gosto de café. no seu cheiro reconfortante, no seu sabor intenso e em todo o ritual que o envolve sempre. simples, claro está - sem qualquer adição; seja açúcar ou leite ou o que seja - gosto mesmo muito de café.

depois, penso no quanto gosto de um chá de vez em quando. seja frio, com uma rodela de limão e dois cubos de gelo, ou quente, simples ou com açúcar e, quiçá, leite. à boa velha maneira inglesa.

mas, no final de tudo, penso em ti. se me escolherias a mim em vez de uma chávena de chá ou de uma caneca de café fumegante. se escolherias beber tudo o que tenho para te oferecer: beber-me a alma e tudo. 
sem nunca esqueceres o ritual que envolve o acto de tomar uma bebida: primeiro respira-se, cheira-se, depois leva-se a bebida à boca, prova-se um bocadinho e, por fim, saboreia-se gota a gota até que nada mais reste. 


gostava de saber se me escolherias, algum dia. fosse pelo que fosse.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

"fica" "vou" "porquê?" "porque tem de ser. o que é perfeito só não acaba se eu acabar primeiro"



sei que um dia te vou ter. consigo senti-lo...como uma sensação de formigueiro que arde nos olhos. 
e, depois disso, vamos acabar ao luar, a beber o suco do prazer noite fora. 


vamos ser perfeitos até que eu me vá embora (sim, sempre a brevidade)





metaforicamente falando



porque, por ti, subia ao mais alto dos edifícios e atirava-me de cabeça, pairando sobre a cidade.

o que eu te fazia agora...


e era só para dizer que RAWR

terça-feira, 14 de junho de 2011

indiscrições picantes

"Gosto de sentir a tua barba dura
a arranhar-me os seios
simular-me cortes nos mamilos

A peregrinar-me o corpo
em descobertas picantes
de voraz languidez

Gosto de sentir a tua barba dura
a passear na pele
a desbravar-me arestas

A marcar caminhos
dar à luz desejos
despertar as fomes

Essa barba dura
que me arrasa
e me deixa em brasa"

"Cantiga de Amigo (Mickey Rourke)"
in De Boas Erecções está o Inferno Cheio



perdoem-me. mas não resisto a um homem de barba rija, que me seduza com a sua excentricidade e me aqueça lentamente, com calma e atenção. e me provoque um misto de sensações pelo corpo e pela alma.

[and i do mean um HOMEM]

inevitabilidades da vida

"Primeiro
chamas-me amor
e depois
fodes-me."

"Foi Você que Pediu um Par de Cornos?"
in De Boas Erecções está o Inferno Cheio



e não é sempre assim?



segunda-feira, 13 de junho de 2011

visto-me de cetim preto e perfumo-me na esperança que seja eu própria a sair à rua e não uma qualquer.

toda a gente me diz para ser mais confiante e arriscar. usar aqueles saltos altos vermelhos de verniz polido e finalmente dizer o que penso de verdade, o que quero.

mas, e apesar dos 50/50 que todos temos sempre que abrimos a boca, está-me a parecer que não consigo atirar-me do penhasco de cabeça. não desta vez. já morri vezes demais, parece que caio sempre fora de água ou bato numa rocha. e, desta vez, gostava de sobreviver.

mas, e se sobreviver, neste caso, signifique não viver?

só gostava que pintar as unhas de vermelho e mudar todo o corte de cabelo me desse o empurrão para me atirar de vez.






sábado, 11 de junho de 2011

i'm a dreamer

às vezes acho que sonho demais.

e depois há dias, como hoje, em que acho que não faz mal sonhar.




sexta-feira, 10 de junho de 2011

tenho de parar de sonhar acordada. julgo que comer chocolate teria o mesmo efeito, mas menos culpa associada.

consigo imaginar-nos a comer pastéis e a beber café noite fora, envoltos numa conversa sobre literatura e uma troca de sorrisos e disparates que tais.

consigo imaginar toda uma fantasia construída sobre fundações de natas em castelo. uma discussão sobre política aqui, uma cerveja bebida ali e umas viagens por esse mundo fora.

consigo imaginar momentos perfeitos de tão ridículos que são. saídas que nunca aconteceram mas que enterneceriam o mais insensível dos mortais. cocktails chiques e vestidos de gala, seguidos de uma corrida pela cidade, descalços.

consigo imaginar-te. ver-te. quase que sentir-te e cheirar-te.

só não consigo é imaginar a realidade.