terça-feira, 9 de agosto de 2011

caminhos de ferro

comboio. o tum tum, tum tum, tum tum, tum tum, tum tum...

quando me embrenho no som compassado e profundo que se vai desvanecendo com a diferença das paisagens atinjo o nirvana da paz, da calma, e penso.

penso como só nestes momentos de viagem consigo pensar.

sabem aqueles dias em que estamos rodeados de pessoas e nos sentimos mais sós que nunca e a única coisa que nos apetece fazer é fugir? é nesses dias que mais gosto de entrar num qualquer comboio sem destino, de sair do que conheço e percorrer o mundo em pensamentos compassados ao ritmo do tum tum que me embala e me transporta para uma paisagem à beira-mar regada com uma limonada fresca "sem açúcar" digo e o cheiro a maresia.

talvez seja aquela tal sensação de pânico antes do salto para o abismo, antes do afogar no mar. quando sinto aquele peso no peito e sou incapaz de respirar. aquele peso que me recorda do sentimento que reprimo e guardo em mim, só para mim, mas que me destrói e vai corroendo a cada compasso do meu pensar de tum tum.

e, depois, vem a chuva. o chorar de olhos pretos do rimel esborratado. o pensar do pensar sem fôlego. o sofrer as saudades.

"próxima estação..." ouve-se entretanto e quebra-se o feitiço da transe do pensamento íntimo.

cheguei ao meu destino. mas não saí do mesmo lugar.



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as palavras são coisas curiosas, há quem diga que dão vida. por isso, escreve. dá-me vida.