domingo, 27 de março de 2011

re-birth: the beggining

falo demais. penso demais.

julgo que sou daquelas pessoas que se entregam completamente. numa espécie de "podes ficar com tudo. com o meu corpo, a minha alma, tudo o que tenho. podes ficar mesmo com tudo. até à exaustão - à minha exaustão." e, depois, quando esse dia chega, a única maneira de curar o cansaço existencial, de não me perder totalmente, é interessar-me por outra pessoa. para curar - ou tentar regenerar o máximo possível dos restos que o anterior deixou. restos sim, porque quando se dá tudo, quando a entrega é total, e depois pedimos a sua devolução, nada volta como era. ficamos diferentes, mudamos.

#já perdi demais de mim#

ultimamente tenho acordado e não tenho sentido nada. perdi-me, penso eu. é como se um vazio tivesse ocupado esse lugar do pensamento em demasia, dos sentimentos em demasia, das palavras em demasia - não que use palavras a mais, apenas o uso excessivo da palavra. este vazio, este não sei bem quem sou, não encontro o meu equilíbrio, aquilo que me define, é pior do que a morte. viver assim é inviver.

julgo que talvez tenha de chegar ao caos, à destruição, para recomeçar: voltar ao início. se bem que, na verdade, nunca voltamos à casa de partida nem recebemos os 200 euros devidos sempre que por lá passamos. não! porque ficam marcas, escaras do passado. o que já foi, já era! sim, mas como pretérito imperfeito que é, o 'era' continuará a ser indefinidamente, pois nunca 'foi', nunca se completou.

#fugir#


não sei o que me espera. desta vez não sei mesmo. porque não sei de mim mesma. indeterminadamente absent. é isso.

"ainda te amo" "então, se me amas, sempre que pensares em mim envia-me luz e amor. e, depois, esquece"

tenho tentado. não sei bem o quê, [esquecer?]. mas tenho. "o teu problema é mesmo esse! tentar! não tentes. esvazia a mente" - oh, mas eu sou um fluxo constante de pensamentos, gestos, palavras faladas e repetidas! sou tão mas tão transparente que mais pareço papel vegetal: translúcido e perfeito para um decalque da vida de alguém.

#um jardim de camélias perfumadas salpicado por um gotejante orvalho matinal parece-me o paraíso neste momento#

escrever: pensei que ia ajudar-me a perspectivar as coisas. as circunstâncias. o porquê de tudo. (porque é que não posso «Comer. Orar. Amar» e ter um final feliz?; bem, ainda nada acabou) mas não, escrever, ler, gritar, fugir {AI!} nada disso ajudou. nem empanturrar-me. nem toldar a mente e o espírito com bebida. nem deixar tudo e partir.

"and I'm in a crowded room screaming at the top of my lungs and no one even seems to listen, no one even seems to care"

a fragilidade de um vaso capilar é assustadoramente grande e, mesmo assim, são vasos como estes que nos permitem viver. talvez eu, na minha fragilidade aparente, seja mais forte do que os olhos antevêm. não gosto de pedir ajuda *mania da independência* mas desta vez peço. não sei bem que ajuda nem a quem, mas peço.
porque me perdi e perdi o rumo e esta não sou eu. não tenho nada em comum com ninguém, com que devia ter, com quem queria ter.

mesmo que desse a volta ao mundo, fizesse 'a' viagem da minha vida, meditasse, encontrasse o que quero encontrar, descobrisse 'o' segredo, mesmo que fizesse as malas e partisse, não iria ser feliz.

(já se depararam com aquele momento em que pensam na vossa vida e a única coisa que sentem é o que raio estou aqui a fazer? como é que me deixei levar até este ponto? aquela ideia de que temos tudo e, mesmo assim, não somos felizes)

e, no final disto tudo, envio-te apenas luz e calor e amor. sem nunca te amar de verdade. porque não preciso de dizer que te amo para me amar a mim mesma.

3 comentários:

  1. OMG. cat! o melhor post de sempre, sem dúvida.
    Não sei o que fazer nem o que te dizer, provavelmente não teria qualquer efeito, seria apenas despropositado. Se precisares de alguma coisa, though, estou prontíssima. Não é só da boca pra fora; quando precisares, pega no telefone e liga me! e não te esqueças que és lindona.

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  2. Jesus... Está lindo. Again, sinto um ímpeto, uma correria desenfreada para desabafar tudo no texto. Não entendo como consegues dizer tanto, fazer parecer que foi uma inspiração do momento, corrida, à pressa e, no entanto, conseguir fazer soar tudo tão perfeito, tão natural...
    Sabes que também aqui estou para responder ao teu pedido de ajuda. Anytime you feel like giving up, anytime you think no one will ever hear your SOS, anytime you think there won't be another sunlight as bright as it once had been, call me. Anytime.

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  3. E pronto, lá vem este troll fazer comments mais bonitos para abafar o meu...

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toca-me ao de leve, com gentileza. e, depois, quando me tiveres cativado, poderás então fundir a tua alma à minha.

as palavras são coisas curiosas, há quem diga que dão vida. por isso, escreve. dá-me vida.