Vamos perdendo as pessoas aos bocadinhos.
Por mais que digamos que não. Por mais promessas. Por mais partilha. Vamos.
Elas pertencem a alguém e nós pertencemos a outro alguém e no fim fica um mar de alguéns que lutam para se manter à tona de água, para respirar, para não sucumbir à maré entrelaçada de relações e ligações, para que a morte, o afogamento, não as atinja. E as palavras vão-se diluindo no sal da água do mar de alguéns, vão-se asfixiando nas laringes que se enchem de água a cada golfada desesperada. Até que os pulmões recebem o mar de braços abertos. Até que sentimos a maior dor quando tentamos compassadamente respirar a conversa do nosso alguém, aquele que é de outro alguém, que por sua vez é de outro alguém. Até sermos engolidos pelas ondas.
Sim, vamos perdendo as pessoas aos bocadinhos.
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toca-me ao de leve, com gentileza. e, depois, quando me tiveres cativado, poderás então fundir a tua alma à minha.
as palavras são coisas curiosas, há quem diga que dão vida. por isso, escreve. dá-me vida.