queria fazer qualquer coisa do género:
#Querido xxx,
"Desconfio que ainda não reparaste
Que o teu destino foi inventado
Por gira-discos estragados
Aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
De sincronização do coração
São leis como paredes e tectos
Cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
Por cima de todos os teus números
Raízes quadradas de somas subtraídas
Sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
Um ciclo vicioso
Harmonioso ao teu gesto mimado
E à palma da tua mão..."
Mas pensei que transcrever não seria suficiente, apesar de verdadeiro. Peço desculpa. peço mesmo. por te ter feito tudo e nada ao mesmo tempo. por não ter a coragem de te contar. por não saberes. não sabes. porque nunca te vou dizer. nunca hás-de saber que és tu que povoas os meus sonhos frágeis e quebradiços tal verniz estalado.
"Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos deuses...
Mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti..."
Pensei então que devia quebrar esta falácia com outra transcrição, algo do género:
"Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém...
Se não te deste a ninguém
Magoaste alguém (...)"
Mas a mim não me passou ao lado.
sabes, um dia vais saber. um dia vou-te contar. quando não precisar de uma caneca de chocolate quente a fumegar para me acalmar a garganta inchada e a voz rouca de tanto tentar contar-te.
Penso contudo que Fernando Pessoa concorda comigo, ora repara:
"O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..."
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..."
A diferença é que tu és um 'ele'- sim, picuinhas com os pronomes pessoais - mas de resto, oh de resto!, tudo se me afigura igual.
Julgo ser tudo. não disse, como vês, nada do que queria.
com ,talvez, amor,
C.
(não, não te posso amar como nos filmes. nem nutrir dessas paixões fugazes. mas julgo que entendes quando digo que o talvez seja a melhor forma de descrever o que sinto ou, melhor, o que quero)
"Is this love, that I'm feeling...
ResponderEliminarIs this the love, that I've been searching for?"
Lembrei-me que esta música parece encaixar-se bem na reflexão...
Não desanimes, porque o que não é dito, ouve-se bem no silêncio...
Lindo. e eu nem gosto de poesia
ResponderEliminar*.* a arte diz o que não conseguimos dizer.
ResponderEliminar